quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A resposta de Hodja

Era uma vez um homem que tinha fama de fazer perguntas desnecessárias. Um dia esse homem chegou à localidade de Akşehir e disse:
— Quero conhecer a pessoa mais sábia desta cidade.
As pessoas da cidade levaram-no e apresentaram-no ao Hodja. Perante Hodja o homem disse:
— Senhor, vou colocar-lhe quarenta questões, mas o senhor só poderá dar-me uma resposta para todas estas questões.
Hodja retorquiu:
— Assim seja.
O homem colocou-lhe as quarenta questões, uma após outra. Quando as perguntas terminaram, Hodja, que tinha ouvido as questões atenciosamente, dirigiu-se a ele, e respondeu:
— Eu não sei.
Conto de Yunus Emre
Tradução de Isabel Marques

Toma a minha mão

Hodja tem um amigo muito mau. Um dia, enquanto o amigo passeava perto do lago, escorregou e caiu na água. Ao ver esta situação, um dos seus amigos começou a correr para o ajudar, e disse:
— Dá-me a tua mão. Eu ajudo-te a sair da água.
O homem, no entanto, ficou relutante, e recusou-se em dar a sua mão. Outros que assistiram a este incidente, também se prontificaram em ajudá-lo, mas o homem também negou a sua ajuda. A seguir chegou Hodja, e os homens contam-lhe o que tinha sucedido. Hodja disse que iria resolver este assunto e, dirigindo-se ao amigo que ainda estava na água, diz:
— Toma a minha mão, eu tirar-te-ei da água e salvar-te-ei.
O homem agarra a mão do homem e é salvo.
Hodja explica aos homens que estavam à sua volta:
— Ele é muito mau, vocês não lhe deveriam ter dito para ele vos “dar” a mão, vocês deveriam ter dito para ele vos “tomar” a mão, pois ele não gosta de dar nada a ninguém, mas está sempre pronto a levar e a tomar tudo o que seja.
Conto de Yunus Emre
Tradução de Isabel Marques

O Turbante

Um dia, um homem, que trazia uma carta na mão, abordou Hodja e disse:
— Hodja, se não se importasse, podia ler-me esta carta, por favor.
Hodja abriu a carta e olhou para ela. Estava escrita em árabe do início ao fim. Apesar de algumas tentativas, ele não conseguiu decifrar o que estava escrito na carta e desesperadamente devolveu-a ao homem, dizendo:
— Dá esta carta a ler a outra pessoa.
O homem ficou admirado e questionou-o:
— Porquê?
A resposta foi a seguinte:
— A carta não está escrito em turco, eu não consigo lê-la.
Esta resposta surpreendeu novamente o homem, que pensou que Hodja não sabia ler.
— Envergonhe-se, Hodja. Você usa um turbante, mas nem sequer sabe ler uma simples carta.
Hodja tirou o turbante, entregou-o ao homem e disse:
— Se, ao usar um turbante, um Homem consegue fazer tudo, então aqui tens o meu turbante. Usa-o e veremos se ele te ajuda a ler a carta.
Conto de Yunus Emre
Tradução de Isabel Marques